terça-feira, 25 de junho de 2013

Aposentado fabrica rádios 'do tempo da vovó' em oficina improvisada




Os aparelhos de rádios fabricados por Guido foram batizados de Canta Brasil (Foto: Andréia Machado/G1)
Os aparelhos de rádios fabricados por Guido 
foram batizados de Canta Brasil 




Numa época onde o rádio era o principal meio de comunicação do Brasil, Guider Zolinger, 74 anos, começou a fabricar artesanalmente aparelhos de rádios. São mais de 50 anos dedicados ao conserto e montagem de rádios. “Desde criança eu sonhava em ser inventor, ai comecei a consertar os rádios dos vizinhos, e fui me apaixonando pela profissão. Então, devagarzinho eu fui me aperfeiçoando, até chegar ao ponto de fabricar os meus próprios rádios”, relembra.

Com uma pequena oficina localizada nos fundos de sua casa, quando a saúde ajuda, ele confecciona um tradicional rádio de caixa, de amplitude modulada (AM). “O radio sempre salvou nossa vida, pois nos momentos mais difíceis que a gente atravessou eu recorria à fabricação do aparelho, vendia e conseguia sustentar a minha família”, conta. Guido tem Mal de Parkinson.

Na pequena oficina nos fundos de casa, Guido criou dezenas de aparelhos de rádio, que embalaram e continuam a embalar os dias, tardes e noites de muitos vilhenenses. Muitos elementos que compõem os rádios produzidos por Guido são de fabricação própria. “Ele faz o chassi, a caixa, os vidros ele corta e manda por os números e todo o resto. A única coisa que ele não faz é transistor e resistência. O resto ele faz tudo”, explica Renata Zolinger, esposa de Guido há 53 anos.



Guido Zolinger conta que sempre sonhou em ser inventor  (Foto: Andréia Machado/G1)
Guido Zolinger conta que sempre
 sonhou em ser inventor 






Guido não sabe quantos rádios fabricou durante sua vida. “Nunca pensei em contar, mas já foram muitos”, afirma. Guido batizou seus aparelhos de rádios de Canta Brasil. “Os brasileiros gostam muito de ouvir músicas e de cantar também, então achei que o nome dos rádios deveriam ser Canta Brasil”, justifica.

Para montar um rádio, Guido explica que demora, em média, dois dias. “Porque o material está todo separadinho e é só colocar. O que demora mais é os fios aqui na faixa. Tem que pegar ondas médias lá, tem que pegar ondas médias aqui, tem que pegar Rádio Nacional nesse e também naquele. Qualquer um que montar tem que ser faixa completa”, detalha. "Eu nunca mostrei pra ninguém o jeito que eu faço."

Os rádios produzidos por Guido são movidos a pilhas alcalinas. “Queima menos com relâmpago”, explica. Além de uma caixa de madeira chamativa, o interior do aparelho radiofônico produzido por Guido é um verdade enigma para outros técnicos em eletrônica. “Eu nunca mostrei pra ninguém o jeito que eu faço”, diz.

Os rádios produzidos por Guido operam em amplitude modulada (AM), e dependendo da faixa selecionada , bem como o horário, é possível sintonizar emissoras de vários lugares do planeta. “Em qualquer caixa ele funciona e pega o mundo inteiro”, reforça.

As emissoras mais pedidas durante a encomenda dos rádios são as AM locais, como a Planalto e a Rádio Vilhena, além da Rádio Nacional de Brasília. Também é possível sintonizar rádios de São Paulo, Rio de Janeiro e de outras localidades do Brasil.





Rádio sintoniza ondas curtas (Foto: Andréia Machado/G1)
Rádio sintoniza ondas curtas





Nas ondas de Guido

 O agricultor João da Silva é morador do município de Chupinguaia foi um dos felizes compradores do radio fabricado por Guido. João conta que comprou o Canta Brasil há cinco anos e o aparelho nunca deu problema. “É muito bom o rádio, além de ser bonito lembra o rádio que minha mãe tinha na casa dela, esses aparelhos de hoje em dia são todos de plásticos e quebram logo, por isso eu quis comprar o que seu Guido fabrica”, diz João.

Já o comerciante José da Costa, que é morador de Cerejeiras, conta que um dos motivos que fez ele adquirir um aparelho de rádio fabricado por seu Guido foi o fato do rádio conseguir sintonizar estações do mundo todo. “É muito bom poder ouvir estações de rádios da Itália, sem falar nas brasileiras como a Rádio Nacional, não é todo aparelho que consegue fazer isso”, argumenta José.

A jornalista Patrícia da Veiga, que atualmente vive em Goiânia, conta que comprou o rádio fabricado por Guido quando era professora na Universidade Federal de Rondônia, em Vilhena.

“Eu comprei o rádio fabricado por diversos motivos. O primeiro e mais importante é que eu gosto de ouvir rádio e fiquei encantada com a ideia de ter um aparelho em casa que capta ondas tropicais. Isso me lembra a minha infância na fazenda, ouvindo Rádio Nacional de Brasília. Com o rádio que o senhor Guido fez pra mim, posso ouvir até rádios da Colômbia. É muito útil. O segundo motivo é que na época eu era professora de radiojornalismo e precisava conhecer tudo sobre rádio. Claro que eu não aprendi a fabricar um rádio, mas achei fascinante acompanhar sua fabricação”, diz Patrícia.




Guido em sua oficina onde são fabricados os rádios (Foto: Andréia Machado/G1)
Guido em sua oficina onde são fabricados os rádios 





Fonte: Site G1 








sábado, 22 de junho de 2013

Novo Grupo de Discussão: Radioamadores RS

Para poder unir ainda mais os Radioamadores do Estado do Rio Grande do Sul, foi criado o Grupo de Discussão "Radioamadores RS". A lista permite a troca de informações através de e-mail ou visitando o site do grupo.

Faça já a sua inscrição e participe:

http://groups.google.com/group/radioamadores-rs


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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Opinião: O fim do exame de Código Morse garantirá o futuro do Radioamadorismo no Brasil?







Resposta:    Não!



Justificativa:


Radioamadores, nestes últimos anos, temos ouvido muito questionamento quanto ao exame de proficiência em Código Morse para promoção da Classe C para a B.



Os que querem a extinção do exame de proficiência em Código Morse para promoção de classe alegam que o Radioamadorismo estaria morrendo e que a não exigência deste exame seria uma maneira de garantir a sobrevivência do Radioamadorismo.



Somos poucos Radioamadores no Brasil. Estima-se um número 30 mil praticantes em todo o país. Não estamos mais nos anos dourados do Radioamadorismo. Essa época acabou com o advento da Internet.  Na era pré Internet, DDD automático e  telefonia celular, o Radioamadorismo era uma alternativa para comunicação entre amigos e familiares.



Atualmente, o Radioamadorismo atrai outro público. Há uma grande procura ao ingresso ao Radioamadorismo por jipeiros e praticantes de vôo-livre que desejam estar com suas estações móveis legalizadas. Há também a procura por  operadores da faixa do cidadão que desejam poder se comunicar de outras formas.  O Radioamadorismo atrai ainda pessoas que desejam se aprofundar em novas tecnologias de telecomunicações, conhecer os detalhes da propagação das ondas de rádio, antenas  e outros aprendizados e investigações científicas. Também há  os interessados por competições, DX,  obtenção de diplomas e comunicações de emergência.



Com a nova  Norma 452 de 11 de Dezembro de 2006 da ANATEL, que rege o Serviço de Radioamador no Brasil, não é mais necessário prestar exames de Código Morse para o acesso às bandas de HF. Com a extinção da Classe D, os Radioamadores desta classe foram automaticamente promovidos à Classe C. O Radioamador da nova Classe C, sem a necessidade de prestar exames de Código Morse, pode  transmitir nas bandas de 80m, 12m e 10m em toda a extensão destas bandas e em segmentos das bandas de 40m e 15m. Desse modo, os Radioamadores da antiga Classe D e os ingressantes na nova Classe C já usufruem dos  privilégios de utilizar as bandas de HF.



O Radioamadorismo não é simples passatempo. É um serviço que permite ao praticante a chance de conhecer e estudar  matérias como: operação de equipamentos de áudio, Eletrônica, modulação e demodulação de sinais digitais, ondas e propagação e tantos outros. Se trata de uma atividade cuja a finalidade é o aprimoramento técnico do praticante. O Radioamadorismo é o berço de muitas tecnologias que encontrarão uma aplicação comercial e avançar as tecnologias de telecomunicações. Quando o praticante se nega a conhecer uma destas disciplinas, ou pior ainda, combate uma prática, está podando o  seu próprio direito de aprimoramento e acesso ao conhecimento.



Infelizmente, vivemos em uma sociedade que quer obter gratificação instantânea em tudo o que faz. No caso do Radioamadorismo, a prova de proficiência em Código Morse, para o acesso a Classe B,  se constitui em um enorme obstáculo para obtenção desta gratificação instantânea. Para ser promovido ou ingressar diretamente na Classe B, o candidato precisa estudar. Dedicar algumas horas para obter um resultado através do estudo é uma enorme barreira para quem está acostumado  obter gratificação instantânea.



Quem quer a retirada do exame de proficiência em Código Morse, caso a extinção aconteça, não pleiteará em seguida  o término da prova de Radioeletricidade? Haverá alegação que essa prova não tem sentido, pois os equipamentos do Radioamadorismo são comprados prontos. Seria perdida uma nova oportunidade de aprender e progredir.



Conforme a legislação vigente, o serviço de Operador da Faixa do Cidadão não requer de seu praticante nenhum tipo de prova ou exame para obtenção da licença de operador. Isso  faz que tenhamos um grande número de operadores da Faixa do Cidadão despreparados e sem conhecer a legislação do exercício da atividade. É comum escutarmos operadores da Faixa do Cidadão transmitindo em frequências aonde não têm permissão e, muitas vezes, perturbando e impedindo a comunicação dos Radioamadores do mundo todo. Os maus operadores da Faixa do Cidadão brasileiros são constantemente citados como fontes de interferências pelo o sistema de monitoramento da IARU (International Amateur Radio Union) o que evidencia o desrespeito e o despreparo destes operadores. 



No Brasil há um número significativo de analfabetos funcionais. Isto pode se dever ao fato de que gradualmente se  é exigido menos da nossa população. A política do paternalismo e clientelismo está instaurada em nosso país e é  essa cultura que se deseja instalar no Radioamadorismo com a extinção dos exames de Código Morse.



Observa-se que  muitos dos praticantes  do Radioamadorismo  já foram operadores da Faixa do Cidadão e  abandonaram este serviço devido ao péssimo nível dos operadores que lá estão. O mesmo acontece com banda de 2m. O barateamento dos equipamentos para a faixa de 2m e a baixa exigência para o Radioamador Classe C, estão atraindo pessoas despreparadas, o que afasta até os bons Radioamadores Classe C  desta faixa.



É isto o que queremos para todas as outras faixas destinadas ao Radioamadorismo? É esta a imagem que queremos que o Brasil tenha perante todo o mundo? Um Radioamador é também um embaixador de seu país, pois as ondas eletromagnéticas se propagam além das fronteiras! Por isso, a exigência da prova de proficiência de Código Morse não deve ser abolida, pois é uma  maneira de selecionar por esforço e mérito os que terão melhores condições de para usar as frequências destinadas ao Radioamadorismo! Para poder qualificar melhor os Radioamadores, outras exigências de conhecimento deveriam ser pontuadas, como noções jurídicas e o aumento do grau exigência dos conhecimentos técnicos e de legislação. Por ser o Radioamador um embaixador de seu país, por que não se exigir também pequenas noções de Direito Internacional e de uma língua estrangeira? Por que não se exigir conhecimentos específicos sobre comunicações em situações de desastre e calamidades públicas?



Atrair novos Radioamadores e zelar pela continuação do Radioamadorismo são funções da LABRE. A LABRE precisa promover cursos de Legislação, Ética Operacional, Radioeletricidade e Transmissão e Recepção de Sinais de Código Morse e mostrar a importância do conhecimento dessas matérias para a prática do Radioamadorismo. O fato de haver reclamação quanto a exigência do exame de proficiência de transmissão e recepção de Código Morse deixa claro que este papel não está sendo cumprido. A LABRE precisa estreitar laços e cooperar com organizações como a Cruz Vermelha, Defesa Civil e o Movimento Escoteiro que se beneficiarão caso seus membros se tornem Radioamadores. A LABRE precisa mostrar para o governo e a sociedade  a sua finalidade e importância histórica. Se mesmo entre os Radioamadores há dúvidas sobre a finalidade e importância da LABRE, o que dizer do conhecimento sobre a LABRE da população em geral? O próprio Ministro das Comunicações Paulo Bernardo da Silva demonstrou não saber da existência de Radioamadores no Brasil em audiência concedida a LABRE em Janeiro de 2012. Não está a LABRE falhando em sua missão?



A deficiência da LABRE em cumprir o seu papel é reflexo do comportamento dos próprios Radioamadores. Quantos reclamam da atuação da LABRE sem serem associados? Quantos Radioamadores estão efetivamente contribuindo ou participando das atividades promovidas por ela?



Recentemente, a LABRE Rio Grande do Sul promoveu atividades sob o nome de “LABRE de Portas Abertas”. As atividades contemplavam cursos e palestras para para incentivar a promoção dos Radioamadores  da Classe C para a Classe B. Um curso de transmissão e recepção de sinais de  Código Morse foi oferecido. Após ampla divulgação, esperava-se grande número de interessados em participar. O resultado desta ação foi decepcionante: o programa foi extinto por falta de participantes. Os Radioamadores não se interessaram. Então, qual é a solução? Reclamar que a LABRE não é atuante? Querer a extinção do exame de proficiência de Código Morse? Reclamar da LABRE nas repetidoras de VHF? Nivelar por baixo?



Radioamador, se você deseja o fortalecimento da nossa nobre atividade  e ver mais Radioamadores qualificados e atuantes, defenda a instituição que o representa, a LABRE! Participe das atividades da LABRE do seu estado e acima de tudo, ofereça seu tempo para a instituição e contribua. Veja os exames de acesso e promoção como forma de verificar seu esforço e seu mérito. Estude, aprimore-se, conheça novas modalidades dentro do Radioamadorismo e incentive a boa prática. Experimente o Código Morse e constate a eficiência desta modalidade para fazer contatos com estações ao redor do globo terrestre. Cresça, que o Radioamadorismo também crescerá.





segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Futuro Tecnológico do Radioamadorismo

A cada dia, novas tecnologias estão sendo adicionadas ao Radioamadorismo. Talvez a mais revolucionária, destas tecnologias,  seja a transmissão de voz digital.

A ICOM em parceria com a JARL (Japan Ameteur Radio League) criou o sistema D-STAR que implementa, com sucesso, a transmissão de voz digital em VHF. Pela primeira vez no Radioamadorismo, foi utilizado uma tecnologia que não pode ser replicada devido ao codec  AMBE  utilizado neste padrão. 
 
O Radioamadorismo mundial tem a tradição de permitir aos Radioamadores construir seus próprios equipamentos, realizar experiências e avançar a tencologia das telecomunicações. Pelo fato de o sistema D-STAR utilizar um codec proprietário e de especificação não aberta, esta tradição fica ameaçada.

Para combater e apresentar uma alternativa a esta situação, um grupo de radioamadores criou o CODEC2. O CODEC2 é um codec que digitaliza a voz humana dentro de um canal de 3kHz que os transmissores de SSB operam e possui especificação aberta. Ou seja, se um Radioamador possuir conhecimentos de DSP (Porcessamento Digital de Sinais), Programação e Eletrônica  poderá projetar um hardware baseado no Codec2 sem pagar direitos de licenciamento  para transmitir em HF e VHF.

Porém não é necessário  ser um conhecedor  de DSP, Programação e Eletrônica para poder se utilizar dos benefícios do CODEC2.  Os desenvolvedores do CODEC2  lançaram um software para PC, o FreeDV,   que permite a transmissão de  voz digital de forma muito parecida com os modos digitais já conhecidos (RTTY, PSK31).

Um dos reponsáveis pela criação do CODEC2, o Radioamador Bruce Perens K6BP, participou do programa Ham Radio Now e expressou sua preocupação sobre a adoção de sistema fechados como o D-STAR e da revolução que o CODEC2 representa a todos os Radioamadores do mundo e de seus futuros desenvolvimentos.

Abaixo, segue o videos (em inglês) em duas partes deste programa. Na entrevista, Bruce Perens K6BP apresenta um protótipo e a proposta do  "HT do Futuro". O "HT do Futuro" é uma proposta de integrar um sistema operacional, como o Android, a um HT e assim o Radioamador poderá ter diversos modos como o CODEC2, APRS, Echolink e SDR impementados através de apps que poderão ser baixados de uma app store.







Sites interessantes:

www.FreeDV.org - site para download do software de voz digital baseado no CODEC2
www.arvideonews.com/hrn - site do podcast Ham Radio Now
Bruce Perens K6BP (Wikipedia) - Página sobre Bruce Perens K6BP
CODEC2 (Wikipedia) - Página sobre o CODEC2
AMBE (Wikipedia) - Página sobre o Advanced Multi-Band Excitation codec