Que o Sol tem papel fundamental para a existência de vida na Terra todos sabem. Aquece, queima, permite a fotossíntese e uma série de outras transformações. Mas uma nova descoberta mostra que o Sol pode interferir na Terra de outra maneira, fazendo-a literalmente sacudir.
Cientistas europeus e norte-americanos que trabalham com dados do satélite Ulysses divulgaram no último dia 17 de agosto, que é grande a possibilidade de que vibrações de freqüência muito baixa, geradas no interior do Sol, induzam também vibrações na Terra, fazendo-a oscilar harmonicamente. Os pesquisadores encontraram evidências significativas de que o campo magnético da Terra e sua atmosfera façam parte de um mesmo sistema cósmico que oscila em uníssono.
O estudo, liderado pelos cientistas David Thomson e Louis Lanzerotti, mostra que alguns desses tons, distintos e muito particulares gerados no interior do Sol, estão presentes em uma grande variedade de sistemas terrestres.
Utilizando técnicas altamente sofisticadas, os pesquisadores conseguiram detectar essas assinaturas no campo magnético da Terra, em dados sismográficos e também em voltagens induzidas em cabos submarinos. Segundo os cientistas, todas as vibrações detectadas estavam em sincronismo, mostrando que tinham uma causa harmônica comum.
Apesar desses tons estarem presentes em toda parte, não é possível ouví-los. Eles ressonam em freqüências muito baixas para os ouvidos humanos, tipicamente na faixa de 100 a 5 mil microHertz. 1 microHertz corresponde a 1 vibração a cada 278 horas e é mais que 12 oitavas abaixo do limite inferior da audição humana.
Segundo Thompson, as flutuações observadas nos dados são compostas por diversas freqüências discretas e correspondem àquelas que os modelos teóricos já previam e têm como origem a pressão e as ondas de gravidade solar.
Ainda de acordo com o cientista, os dados gerados pelo satélite Ulysses ajudam os pesquisadores a compreender como essas vibrações atingem a Terra.
Algumas dessas oscilações, chamadas de Modo-P, são produzidas por ondas de pressão no interior da estrela e podem ser detectadas através dos instrumentos ópticos a bordo do observatório solar SOHO e também através de redes de telescópios baseadas em superfície. Outro tipo de oscilação, chamadas de Modo-G, são mais complexas e estão associadas às ondas de gravidade solar.
As mesmas técnicas aplicadas a dados terrestres estão agora sendo usadas, pela primeira vez, para medir o fluxo de partículas energéticas e campos magnéticos interplanetários.
Da mesma maneira que os sismólogos usam as ondas geradas pelos terremotos para sondar o interior da Terra, os cientistas solares acreditam que poderão utilizar as oscilações do Modo-G para sondar o núcleo do Sol.
A conexão Sol-Terra
A descoberta de Thomson e Lanzerotti partiu de uma grande gama de dados, presentes em fenômenos naturais e sistemas tecnológicos de comunicação e sismológicos, e em todos eles os tons característicos das oscilações solares estavam presentes. No início pensou-se que se tratava apenas de ruídos de fundo, mas os dados da Ulysses vieram mostrar que as causas eram de fato caudas por perturbações solares, até então previstas apenas por modelos teóricos.
Agora, o que Thompson e sua equipe querem saber é como essas oscilações chegam até a Terra. De acordo com o pesquisador, a chave do problema parece ser o magnetismo. Ele sugere que as oscilações do Modo-G são expulsas do interior do Sol pelo campo magnético da superfície. Parte desse campo magnético é então carregado para longe da estrela pela ação dos ventos solares, quando são então detectados pelas sondas solares, como Ulysses ou Soho.
O campo magnético presente no vento solar interagiria com o campo magnético da Terra, fazendo-o vibrar em ressonância, mantendo as características do sinal de Modo-G detectado nos sistemas. Os movimentos desse campo magnético fariam a Terra vibrar, produzindo as anomalias verificadas nos sinais eletrônicos terrestres, especialmente eletrônicos e sismológicos, fazendo todos os sistemas vibrarem ao mesmo ritmo do interior do Sol.
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