Com hobby 'do passado',
brasileiro coleciona expedições longínquas
Radioamador há 43 anos, Orlando Perez disputa concursos pelo mundo.
No Kiribati, ilha do Pacífico, equipe fez a expedição brasileira mais distante.
Do Arquipélago do Bailique, no Amapá, ao extremo sul do país em Chuí, no Rio Grande do Sul, passando por diferentes ilhas e faróis na costa do Brasil, ilhas do México e mais recentemente um pequeno país-ilha no meio do Oceano Pacífico chamado Kiribati. São cartões registrando sua presença nesses lugares longínquos que o paulista morador de Brasília Orlando Perez Filho envia mundo afora como parte de seu maior hobby, considerado por muitos como algo "do passado".
Desde adolescente, Orlando é aficionado pelo radioamadorismo, paixão herdada do avô. E, mais de quatro décadas depois de ter conseguido aos 16 anos comprar seu primeiro transmissor, ele acumula recordes e amizades feitas através das ondas do rádio.
"O radioamadorismo oferece aos seus praticantes muitas possibilidades, e a que eu mais gosto é essa, de montar estação e falar desde lugares remotos, como ilhas e faróis", conta o físico e engenheiro de telecomunicações.
Alguns
dos cartões 'QSL' que Orlando já fez em suas expedições. Modelos
impressos são enviados pelo mundo para comprovar contatos distantes via
rádio (Foto: Arquivo pessoal/Orlando Perez)
Em 2010, durante uma expedição para local distante ("DXpedição", no vocabulário dos entendidos) na Ilha de Maiaú, no Maranhão, Orlando conseguiu uma quebra de recorde e ficou em 1º lugar num concurso mundial de radioamadores se comunicando diretamente de faróis. Na conversa com o homem entusiasmado, no entanto, fica claro que sua motivação maior são as experiências.
O presidente do Kiribati, Anote Tong (centro), recebe
a equipe brasileira em expedição na pequena ilha
a equipe brasileira em expedição na pequena ilha
Em sua última expedição, PT2OP (nome de Orlando como rádio-amador) e os outros nove brasileiros da equipe chegaram a ser recebidos pelo presidente do Kiribati, Anote Tong. Eles doaram alguns equipamentos para os pouquíssimos rádio-amadores da ilha, ainda inexperientes. Foi a primeira expedição genuinamente brasileira realizada em um país estrangeiro tão distante, segundo Orlando. A equipe ficou no país de 16 a 25 de outubro.
Orlando
Perez, o PT2OP, possui equipamento profissional para se comunicar com
lugares distantes. Uma antena de vários metros se destaca sobre sua casa
(Foto: Diego Baravelli/Divulgação)
Isso tudo é relatado na página da viagem, como ocorreu no Kiribati - mais especificamente nas ilhas que compõem o Kiribati Ocidental.
Radioamadores no mundo
Os Estados Unidos são o país com mais radioamadores, com um total próximo a 500 mil praticantes. O Japão também tem um número expressivo de adeptos, principalmente se considerada sua população, bem menor que as de EUA e Brasil.
O Brasil tem cerca de 35 mil radioamadores, entre os mais aficionados e os de uso mais corriqueiro. O órgão que representa a prática no país é a Labre - Liga de Amadores Brasileiros de Rádio-Emissão. Além da Labre federal, há as representações de cada Unidade Federativa. Orlando Perez Filho é o atual presidente da Labre do Distrito Federal.
Espírito voluntário
Em todo mundo, a atividade dos radioamadores tem tradicionalmente um caráter voluntário. E pode fazer uma enorme diferença em desastres naturais, por exemplo, quando as linhas de telefone e torres de celular estão sujeitas a danos. Orlando lembra que, durante as chuvas que devastaram parte da região serrana do Rio de Janeiro em 2011, os radioamadores ajudaram para que diversos resgates fossem realizados.
Décadas atrás, quando fazer um mero interurbano era algo que levava horas para se concretizar, o radioamadorismo também prestava serviços Brasil afora comunicando emergências com mais agilidade ou mesmo passando recados.
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